Romances da vida real. Parte I.
Ela estava em um café. Não tão charmoso quanto os parisienses, mas o bucólico final de tarde dava uma aparência de filme francês.
Acabara de abrir um livro comprado em um sebo próximo. Já grifado, o que aguçava a curiosidade de saber o que o dono anterior tinha julgado interessante. O mundo em volta desapareceu. Surda, muda, apreciava o cheiro do café sem desviar a atenção do romance.
Ele, atrasado, como sempre. A gravata por cima dos ombros denunciava a pressa com a qual atravessava a praça em busca do endereço não conhecido. Pergunta alto ao garçom e ele, enquanto segura a bandeja e coça a cabeça, tenta chamar a atenção da moça, que aponta o dedo sem olhar, para a direção da rua procurada.
Ele, agradecido, corre sem pensar no lenço que envolvia o pescoço dela, e em sua mão delicada que apontou o caminho. Poderia ter visto os olhos se o livro não fosse tão cheio de grifos, vai saber...
Na volta, passa pelo café. Quem sabe uma água tônica em agradecimento? Quem sabe ela me empresta o olhar compenetrado?
Exatos vinte e cinco anos depois ele lembra da primeira conversa, da paixão por Nina Simone e do perfume de lavanda. Ela, da ausência de perfume e da enorme interrogação na cabeça do rapaz cada vez em que ela falava de música.
Ele lembra do sorriso espontâneo, e dos gestos despreocupados e infantis. Ela, do encantamento, da voz, do cuidado e do dia em que ela decidiu que seus livros ocupariam aquela estante vazia, bem do ladinho direito do corredor do apartamento dele.
Acabara de abrir um livro comprado em um sebo próximo. Já grifado, o que aguçava a curiosidade de saber o que o dono anterior tinha julgado interessante. O mundo em volta desapareceu. Surda, muda, apreciava o cheiro do café sem desviar a atenção do romance.
Ele, atrasado, como sempre. A gravata por cima dos ombros denunciava a pressa com a qual atravessava a praça em busca do endereço não conhecido. Pergunta alto ao garçom e ele, enquanto segura a bandeja e coça a cabeça, tenta chamar a atenção da moça, que aponta o dedo sem olhar, para a direção da rua procurada.
Ele, agradecido, corre sem pensar no lenço que envolvia o pescoço dela, e em sua mão delicada que apontou o caminho. Poderia ter visto os olhos se o livro não fosse tão cheio de grifos, vai saber...
Na volta, passa pelo café. Quem sabe uma água tônica em agradecimento? Quem sabe ela me empresta o olhar compenetrado?
Exatos vinte e cinco anos depois ele lembra da primeira conversa, da paixão por Nina Simone e do perfume de lavanda. Ela, da ausência de perfume e da enorme interrogação na cabeça do rapaz cada vez em que ela falava de música.
Ele lembra do sorriso espontâneo, e dos gestos despreocupados e infantis. Ela, do encantamento, da voz, do cuidado e do dia em que ela decidiu que seus livros ocupariam aquela estante vazia, bem do ladinho direito do corredor do apartamento dele.
3 Comments:
isso é com quem?
só pra confirmar, isso é ficção, né?
Não, não é ficção.
É que tinha uma ex colega de trabalho comemorando esse mês 25 anos que conhecia o marido, e me contou como se conheceram. Enquanto ela ia falando eu concluía que a maioria das estórias de amor da vida real dão um lindo romance.
:)
Vão me contando as de vocês que a gente faz o teste.
;)
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